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Viagem com Tânia por um mar desconhecido...

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 CONFLITOS NA TERCEIRA IDADE!

    
    Tínhamos uma grande intimidade. Eu e ela sempre nos entendemos muito bem.
    
  E assim, nesse clima, numa manhã como outras num dia de domingo, ela “tratando” a galinha, confidenciou-se comigo enquanto eu partia o limão para passar na carne.
     Minha sogra, aliás minha mãe, meio sem jeito  diminuiu a voz e foi falando de seu problema: - O José sempre foi meu companheiro, além de meu marido, meu tudo, você sabe!Mas ultimamente ele está me deixando triste, chateada. Observou que ele não dorme mais na cama de casal? Vive cheio de desculpas minha filha, mas acho que não gosta mais de mim .Agora inventa de dormir na cama dos meninos. Nem conversa comigo sobre isso.Andei me olhando no espelho: há de ser essa cara horrível que eu fiquei depois de velha.  Será que aquele probleminha de sinusite tem me deixado rocando? Ah, estou muito tensa, triste. Sabe como amo meu velho não sabe? Queria que me ajudasse minha filha. Estou te dizendo isso porque quero que converse com ele. Na sua doidice sempre consegue conversar tudo com ele. Acho até engraçado as gargalhadas que você consegue tirar dele. Você é tão engraçada minha filha, gosto quando faz esse bem a ele. Depois que “aquela desgraça ” aconteceu anos atrás,  ele deu pra encher a cara no quintal e fica falando sozinho. Bruto como só ele, mas você consegue faze-lo esquecer a brutalidade. Conversa com jeitinho com ele. Faz isso minha filha?
     A oportunidade chegou. Num belo domingo enquanto ela foi pra Igraja, conversei com ele.  No início ficou surpreso com minhas perguntas e foi defensivo logo me dizendo: - Minha filha, é muito mais duro pra mim que tenho que ficar sem o carinho e o cheirinho de minha mulher. Pense minha filha numa mulher, limpa, cheirosa e carinhosa. estou sofrendo também.
     - E então? Perguntei a ele. Vai continuar dormindo sem ela, matando sua mulher de desgosto?
     Ele abriu-se: - Minha filha, é muito duro pra um homem ter que dizer isso, mas não durmo com ela porque sei que não tenho pra ela o que um marido deve dar. Estou um velho decrépito, você entende no que estou me referindo não é? 
   Uma onda de amor me envolveu. Naquela hora a “inspiração estranha” tomou conta de mim. Sempre acontecia vir a tona essa "presença interior" quando eu precisa dar uma orientação importante em um assunto sério. tenho certeza que é Deus. Olhando nos olhos daquele velho teimoso, conversamos bastante, com ele apenas de pé matando as muriçocas que mordiam as suas pernas. Em  nosso diálogo usei meu dom de professora e levantei as questões pertinentes a  minha sensibilidade de mulher estudiosa.
    Falei sobre a importância da cumplicidade e sensibilidade que deve haver em um relacionamento. e sobre os valore reais do carinho, humor e confiança num casal. Mais sobre as mentiras culturais inventadas pela cultura e principalmente sobre o amor de tantos anos que ja era suficiente para levar um casal a plenitude da socialização entre os dois. Conversamos horas e ele com um sorriso aliviado falou que deixasse tudo com ele e não dissesse a ela que conversamos

     E foi assim que fiquei feliz por ter capacidade de persuasão e principalmente por ter sido “preparada formal e informalmente” para entender e prevê uma situação de vida que os preconceitos e as ideologias populares criam em torno da sexualidade e dos costumes humanos.
     Dias depois ela me interpelou e falou: Olha filha, não precisa mais conversar com ele. Estamos bem, muito bem, nos entendemos e você nem imagina como estou feliz. Dei-lhe um abraço e respondi: - Está certo. Fico feliz que tenham entrado em entendimento sem que precisasse eu interrvir.
Tânia de Oliveira
Enviado por Tânia de Oliveira em 21/03/2016
Alterado em 21/03/2016


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